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Hospital Daher participa do II Mutirão Nacional de Reconstrução Mamária

A meta é atender aproximadamente 600 mulheres mastectomizadas no Brasil

Quem já enfrentou o câncer de mama e precisou passar por uma mastectomia radical, para a retirada do seio doente, sabe a dificuldade que é aguardar na fila para fazer uma cirurgia reparadora pelo Sistema Único de Saúde (SUS). A aposentada Maria Vitória de Araújo Cruz, de 64 anos, fez a remoção de uma das mamas em 2013 e aguarda há três anos para fazer a reconstrução do seio amputado. Chegou a ser chamada uma vez, mas como ia viajar para outro estado, para cuidar da mãe idosa que passava por problemas de saúde, perdeu a vez. “Descobri o câncer em um estágio mais avançado e por isso precisei passar pela mastectomia. Minha filha sempre me diz que eu tenho que fazer a cirurgia reparadora, que vai ser importante para mim, principalmente por conta da dor nas costas que sinto todos os dias, pela assimetria dos seios”, conta.

De acordo com o Departamento de Informática do SUS (Datasus), nos últimos cinco anos, a cada 40 minutos, uma mulher é submetida à cirurgia de remoção dos seios para tratamento de câncer pelo SUS em todo o país. Logo após a cirurgia, elas deveriam passar por uma reconstrução reparadora pelo SUS, prevista na Lei 12.802. Mas, em decorrência da burocracia e da falta de recursos, cerca de 40 mil mulheres aguardam anualmente na fila para tentar apagar a sequela que a doença causou.

Por esse motivo, a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP) vai realizar o II Mutirão Nacional de Reconstrução Mamária, de 24 a 29 de outubro de 2016. A iniciativa pretende disponibilizar a cirurgia reparadora em aproximadamente 600 mulheres mastectomizadas no Brasil, sendo 60 delas em Brasília. Para dar conta da demanda, a Sociedade vai contar com a colaboração voluntária de hospitais públicos e privados, da Secretaria de Saúde do DF, da Sociedade Brasileira de Anestesiologia, além de clínicas e laboratórios.

O Hospital Daher vai participar da iniciativa oferecendo especialistas, salas cirúrgicas na instituição, materiais e recursos. Os médicos irão assistir os pacientes em todas as etapas do procedimento, que vão desde o ato operatório, até o acompanhamento ambulatorial em longo prazo.

De acordo com o cirurgião plástico e fundador do hospital, José Carlos Daher, a instituição tem uma tradição de participar de iniciativas que visam reconstruir as mamas, após o câncer. O principal objetivo é resgatar a autoestima da paciente. “Ivo Pitanguy já dizia que amputar a mama da mulher seria como amputar o pênis do homem, pois é lá que se encontra a feminilidade dela. Por isso, a retirada dos seios traz problemas de ordem psicológica insuperáveis para a vítima”, explica o especialista.

O Dr. José Carlos Daher é um dos pioneiros mundiais em reconstrução mamária e passou por todas as etapas da evolução do procedimento. “Eu sou da época em que não existiam técnicas para reconstrução da mama após o câncer. Antes o tratamento para a doença consistia apenas em uma grande retirada do seio. Tive a oportunidade de viver o início da reconstrução mamária, que começou em 1974, com técnicas baseadas em implante de silicone. O problema é que as mastectomias eram muito radicais e não deixavam pele suficiente para que a paciente recebesse as próteses. Surgiu então a técnica dos retalhos, que hoje permite levar tecidos para a área amputada, criando volume,  sem a necessidade de próteses, e também os expansores, feitos de silicone, que têm uma pequena válvula onde o especialista injeta líquidos periodicamente para expandir a pele”, detalha o cirurgião.

De acordo com a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica do DF (SBCP-DF), foram selecionadas para este mutirão mulheres que foram submetidas à retirada total ou parcial da mama em decorrência do tratamento do câncer e que estão nas filas dos serviços públicos. De acordo com um levantamento realizado pela própria SBCP em 2012, algumas pacientes estão aguardando na fila há mais de 10 anos. No DF já foram realizados seis mutirões de reconstrução mamária. Em nível nacional, esse é o segundo. O primeiro ocorreu em 2012, quando foram beneficiadas mais de 500 mulheres.

A Maria Vitória, que citamos no início desta reportagem, foi selecionada para participar do mutirão, na véspera do aniversário de 65 anos. “É muita felicidade, muita alegria. Vai ser meu presente de aniversário”, diz animada.

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