Pessoas felizes vivem mais tempo. Quem já não escutou (e se encantou) com esta afirmação. O fato é que problemas de saúde podem causar infelicidade e problemas de saúde, obviamente, aumentam a mortalidade. Assim para alguns pesquisadores, a redução da mortalidade associada com felicidade observada em estudos prévios poderia ser devida simplesmente ao aumento da mortalidade de pessoas que eram infelizes por causa de seus problemas de saúde. Isso sem contar que a infelicidade pode ser associada a fatores de estilo de vida que podem afetar a mortalidade, tais como não se exercitar, fumar, comer demais, etc. Pois bem, um estudo realizado no Reino Unido procurou avaliar o impacto da infelicidade e medidas subjetivas de felicidade sobre a mortalidade.
A pesquisa faz parte de uma coorte denominada “The Million Women Study”, constituída por mulheres recrutadas entre 1996 e 2001 e seguidas para avaliação da mortalidade por causas específicas. Três anos após a inclusão das participantes, pedia-se a cada mulher para fazer auto avaliação da própria saúde, felicidade, estresse e nível de relaxamento.
Diversos tipos de mortalidade incluindo morte por doença cardíaca isquêmica, acidente vascular cerebral, doença pulmonar obstrutiva crônica e câncer foram registradas até 31/12/2011. A análise mais importante comparou taxas de mortalidade em mulheres que relataram ser infelizes, em graus variados, com as taxas das mulheres que relataram ser felizes, na maior parte do tempo. As mulheres tinham em média 59 anos. Vejamos então se ser feliz é uma boa estratégia para durar muitos anos. Das mais de 719 mil mulheres incluídas nesta análise, 39% relataram ser felizes, na maioria das vezes, 44 % se declararam felizes, em geral, e 17% se consideravam infelizes. Durante o seguimento de 10 anos, 4% das mulheres morreram.
Auto-avaliação negativa do estado de saúde no início do estudo se associou fortemente com a infelicidade. Mas o dado mais curioso é que após ajuste para esta auto-avaliação de saúde, tratamento para hipertensão, diabetes, asma, artrite, depressão, ansiedade, vários fatores sociodemográficos e estilo de vida (incluindo o tabagismo e índice de massa corporal), infelicidade não se associou com aumento do risco de morte. Isso mesmo a mortalidade foi semelhante nos 2 grupos de mulheres: felizes ou infelizes.
Em outras palavras, em mulheres de meia-idade, afirmar que a saúde não está boa pode sim causar infelicidade. Mas isso não significa que a infelicidade vá abreviar a existência aqui na terra. Isso mesmo, ser infeliz é bem chato, mas não encurta a vida de ninguém. Com este tipo de resultado, vamos torcer para que as mulheres infelizes não o considerem um motivo adicional para desperdiçar o que a vida tem de bom para oferecer.
Fonte: Uol